Não vou arriscar grandes comentários sobre Castelo Branco. Já era noite, quando chegamos à cidade. Não foi difícil encontrar um hotel para nos instalarmos. Ficamos no Rainha D. Amélia, uma construção moderna e confortável. Tomamos um banho e saímos para jantar. A cidade nos pareceu próspera e, de fato, é a mais importante da Beira Baixa. Mas os vestígios da história estão muito dispersos e o que vimos foi a cidade moderna, com prédios altos, obras em vários pontos e nada que atraísse a nossa curiosidade de turistas. Não à noite. Não encontramos nem um restaurante típico, só barzinhos, com música alta, jovens tagarelando por todo canto e um cardápio típico do ambiente. Ou então, lanchonetes, com mesas de fórmica e luz branca. Por fim, achamos um restaurante bem médio, mas que nos serviu iscas de fígado, sopa de legumes e um lombo, não me lembro mais com o quê. Voltamos para o hotel bastantes frustrados.
No dia seguinte, logo depois do café, fomos direto conhecer os Jardins do Paço, ao lado do antigo palácio episcopal. O projeto, de inspiração barroca, é do século XVIII, do bispo João de Mendonça, se estou bem lembrada. É bem interessante e merecia ser visto, mas tenho de admitir, é muito bizarro também. Tem estátua para tudo quanto é gosto: dos signos, de anjos, das virtudes, dos reis, de santos, um samba do crioulo doido. São estátuas de pedra, não sei exatamente qual, acho que é granito, sei que não são de pedra sabão, como as que temos por aqui. O que fiquei sabendo é que, originalmente, eram de bronze e foram pilhadas, durante as invasões francesas, mas essa é outra história. Enfim, foi visto.
O jardim possui três grandes escadarias. De um lado, a Escadaria dos Reis, onde estão representados todos os reis de Portugal, inclusive o primo, D. Duarte. De outro, a escadaria dos Apóstolos e mais à direita, a Escadaria dos Doutores da Igreja. Fizemos poses em todas elas e junto às estátuas das Virtudes Teologais, especialmente, a da Esperança; das Virtudes Cardinais, ao lado da Justiça e da Prudência; dos signos de Zodíaco, Gêmeos e Câncer; das Estações do Ano, a da Primavera, é claro. Não registramos aquelas que representavam as Partes do Mundo e nem dos Novíssimos do Homem - a Morte, o Juízo, o Inferno e o Paraíso. Nem entendi isso e nem outras alegorias que já me esqueci.
Castelo Branco é uma cidade também conhecida por suas colchas de seda bordadas, mas não tivemos tempo para sair procurando por elas. Fiquei apenas com o que já sabia: são colchas de linho bordadas com fio de seda natural, de inspiração oriental, que se tornaram conhecidas a partir de meados do século XVI. Alguns dos elementos desses bordados, conforme vi na wikipédia e não nas vitrines do comércio da cidade, são cenas domésticas e a árvore da vida; os desposados, representados por pássaros juntos, os cravos e rosas, representando o homem e a mulhres e ainda lírios e corações.A manhã já estava se esgotando e o nosso objetivo naquele momento era chegar em Évora a tempo ainda de passear pela cidade. Tudo bem, que em Portugal tudo é perto, mas existe sempre um caminho entre dois pontos para nos seduzir.
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