sábado, 8 de janeiro de 2011

Estremoz - 17/10


Vixi, como o tempo passa! Não demora muito e essa viagem já estará comemorando o aniversário de três anos. Acho que já está é passando da hora de voltarmos lá, só que ainda não consegui nem terminar esse relato. Mas tudo tem uma explicação. Não consegui é porque o tempo passa mesmo e porque no meio do caminho vão surgindo outras aventuras, outras histórias, outros compromissos e tantos que não sobra nem tempo no fim do dia para dedicarmos ao ócio e a esses pequenos afazeres. Enfim, vamos no ritmo que é possível.

Estávamos, então, no dia 17 de outubro de 2008, em Portalegre. Mais precisamente, saindo de Portalegre, seguindo em direção a Évora. Iríamos direto se não fossem as outras histórias, as outras aventuras que vão surgindo no meio do caminho. A certa altura da viagem, vimos na estrada a placa de Estremoz. Gostamos do nome: Estremoz! E isso foi o suficiente para pararmos e passarmos os olhos na cidade. Foi só uma panorâmica mesmo, porque já estava entardecendo e tínhamos de chegar a Évora em tempo de encontrar um hotel e rodar a cidade.


Estremoz é muito clara e lembra as cidades dos antigos faroestes. As casas são brancas com barrados em amarelo, como Évora. Segundo o nosso Guia da Folha, a cidade foi posto-chave na Guerra da Restauração e depois na Guerra dos Dois Irmãos, de Pedro IV, o I do Brasil, um liberal, e o absolutista Miguel. Pedro venceu, mas os governos que se sucederam tinham todos a marca do reacionarismo. Lamentável. Mas a história é assim, sempre nos reserva surpresas.


E Estremoz também guarda as suas. A cidade fica no topo de uma colina, cercada por bosques de oliveiras. Reparamos nisso mesmo, mas como já estávamos acostumados com as oliveiras o que nos chamou a atenção foi o enorme portal de pedra com a bandeira de Portugal tremulando no alto, bem na entrada da cidade. Não posso garantir, pois não prestei atenção nesse detalhe, mas se as pedras desse portal forem de mármore, será muito natural. Estremoz é conhecida pelas suas jazidas de mármore branco, ou de mármore de Estremoz, como os portugueses mesmo dizem.

Sim, vimos as oliveiras, os pés de laranja capeta, as roupas dependuradas no varal e uma inscrição em homenagem aos combatentes. Não sei exatamente em qual combate atuaram, mas pregam três valores importantes: patriotismo, solidariedade e camaradagem. Vimos tudo isso, mas o que nos atraiu foi a aventura de atravessar o portal. O que estaria do outro lado?




Com certeza a Torre das Três Coroas, uma obra do século 13, toda de mármore, com 27 metros de altura. Mas tenho de confessar que não olhamos para o alto. Fomos a Estremoz e não vimos a torre nem a Capela da Rainha Santa, toda revestida de azulejos, com cenas da vida de Isabel, mulher do Rei Diniz. Isabel morreu em 1336, em Estremoz. Isso mostra a importância que a cidade já teve, mas nós não pudemos confirmar, pois não vimos a Capela da Rainha Santa. Também não vimos e nem fomos ao mercado nem ao Museu Municipal e em nenhuma outra igreja. Não passamos do primeiro quarteirão, porque vocês já sabem. O que consegui registrar foi essa torre, escondida atrás de um prédio branco. Quem sabe uma igreja, quem sabe a Capela da Rainha Santa. Ou não. Da próxima vez serei mais cuidadosa.

O que vimos, no estacionamento que ficava logo a esquerda, depois do portal, foi uma frota de carrinhos que pareciam de brinquedo e que deixaram os meninos babando. Do outro lado, vimos a Praça de Touros, uma construção recente, de 1904. Vimos só a Praça, mas as touradas ficaram para uma outra vez.






E vimos a escultura de um touro, que parecia um desenho de Picasso. Demos uma volta e meia volta para retomarmos a estrada. Foi mesmo apenas uma passada de olhos.







A Praça de Touros de Estremoz estava completamente vazia e, para ser sincera, mais do que vazia, abandonada. Eu tive essa impressão. E o monte de entulhos espalhados ao lado de uma lixeira, a poeira da rua, um certo cansaço, tudo isso, me deixou um pouco confusa e me fez lembrar, não sei porquê, de filmes de faroeste. É claro que essa relação foi indevida e completamente inapropriada. A proximidade da fronteira com a Espanha explica muito mais a paisagem da cidade do que as minhas impressões, nem sempre muito precisas.

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